19 de novembro de 2012

Você sabe o que é pleonasmo?


O pleonasmo - ou redundância - é algo como dizer palavra ou expressão desnecessária, por indicar idéia que já faz parte de outra passagem do texto.

Há casos consagradíssimos como "elo de ligação", "acabamento final" e "criar novas teorias". O que se cria é necessariamente novo, o acabamento vem no fim mesmo, e não existe elo que não ligue.

Dizer "entrei para dentro" ou "saí para fora" também é redundante. Basta dizer "entrei" ou "saí".

Confira algumas construções pleonásticas:

"Na minha opinião pessoal"

Ao iniciar um comentário, um jogador de futebol disse: "Na minha opinião pessoal...". "Minha opinião pessoal" é pleonasmo. Quer mais? Lá vai: "Esse fato ocorre em todos os países do mundo". Você conhece algum pais que não seja do mundo?
"Consenso geral”

Ora, se é consenso, é geral. É redundante dizer "Há consenso geral em relação a isso". Basta dizer consenso.
Pleonasmo estilístico

Existem alguns pleonasmos consagrados ou considerados estilísticos. Machado de Assis escreveu "ambos os dois". Camões, em "Os Lusíadas", escreveu "De ambos os dous a fronte coroada".

E por que "ambos os dois" é "pleonasmo estilístico"?

Porque, teoricamente, quando se diz "ambos" talvez não se dê - ou não se tenha - com clareza a idéia de dois. Para algumas pessoas, não é muito clara a relação da palavra "ambos" com a idéia de duplicidade. Talvez esteja aí a justificativa para o uso de "ambos os dois", com que provavelmente se realce e torne claro o sentido pretendido.

E "ver com os próprios olhos"?

Esse é outro pleonasmo considerado estilístico. A combinação é aceita por ser considerada expressiva.


Concepções de Pleonasmo de Cláudio Brandão e  Bally


Cláudio Brandão (Sintaxe clássica portuguesa) define pleonasmo como o emprego supérfluo de palavras e frases cujo sentido já está expresso num dos elementos da frase ou cuja função já figura no contexto da oração. E distingue o pleonasmo semântico, em que o sentido de uma palavra se repete em outra (ver com os olhos, remoçar de novo), e o pleonasmo sintático, em que uma mesma função é desempenhada por mais de um elemento, tendo eles a mesma referência (Vimo-lo a ele. A mim ninguém me engana).
Bally considera pleonasmo gramatical, obrigatório, a exigência da língua de que uma mesma noção seja expressa duas ou mais vezes no mesmo sintagma. Assim, em as meninas engraçadinhas temos três marcas de gênero e de número para o mesmo referente. Esse pleonasmo gramatical é, portanto, a redundância normal da língua. Pleonasmo vicioso é o que se deve à ignorância do significado exato ou da etimologia das palavras (hemorragia de sangue; decapitar a cabeça, etc.). E expressivo é o pleonasmo que enfatiza as ideias transmitidas. Portanto, o pleonasmo tanto pode ser um valioso recurso de estilo, imprimindo vigor, vivacidade ao pensamento, como pode ser uma excrescência grosseira, vulgar, que danifica a frase. O critério para distinguir esses dois tipos pleonásticos é, pois, muito subjetivo e variável. Na linguagem elaborada dos estilistas o pleonasmo aparece mais parcimoniosamente, enquanto é abundante na fala tosca, mas muitas vezes saborosa e pitoresca dos incultos.

By: Pricilla Lima

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